quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Divisão: Contra fatos não existe argumento


Porque os últimos governos do Pará apresentam grande dificuldade pra se reeleger ou eleger seus sucessores? Porque cresce a insatisfação da sociedade com a baixa capacidade dos governos em resolver os problemas, sobretudo nas áreas de educação, segurança, saúde e infra-estrutura.
E porque isso ocorre? Porque, independente da competência maior ou menor de uns e de outros, diminui a cada ano a capacidade de investimento do Pará. Nossa população cresce a uma média acima da nacional, em função dos grandes projetos minerais e hidrelétricos e nossa receita patina. O resultado é que a capacidade de investimento por habitante diminui.
O Pará só tem conseguido investir um pouco mais quando tem a simpatia do governo federal. A última vez que isso ocorreu foi no governo Almir Gabriel, que teve as bênçãos do presidente Fernando Henrique e porque vendeu a Celpa por mais de R$ 300 milhões. Ou então quando toma dinheiro emprestado, comprometendo o futuro do estado.
Quando esses dois fatores não ocorrem, a média de investimentos próprios do Governo do Pará é de R$ 200 milhões/ano. Este ano não deverá chegar sequer a isso. Para se ter uma idéia do que isso significa, essa capacidade de investimento não daria sequer pra recuperar totalmente a PA 150. Por isso tanta polêmica em torno de empréstimos como foi o famoso 366 no governo Ana Júlia.
Porque essa baixa capacidade de investimento? Porque as maiores riquezas do estado não geram arrecadação. Os minérios têm a exportação isenta de impostos, por causa da Lei Kandir. O potencial dos rios, com as hidrelétricas, tem os impostos pagos no destino, onde se consome a energia, no caso nos estados das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, para onde o grosso da nossa energia é exportada. E a madeira, com a grita internacional por causa da questão ambiental, vê a cada dia reduzida sua exploração. Sobra o rebanho bovino, de baixíssimo valor agregado. Ou seja, migrantes chegam todo dia, demandam serviços de saneamento, educação, saúde, pavimentação, saneamento, etc, mas a arrecadação não cresce na mesma proporção. O resultado é o desgaste crescente dos governos que não conseguem atender as reivindicações populares. Por isso ficam de pires nas mãos em Brasília.
Defender o NÃO é defender que as coisas continuem como estão. Um estado grande, com baixa capacidade de investimento. É preciso forçar a União a aumentar seus gastos com a Amazônia e aumentar nossa força política em Brasília para, pelo menos, minimizar os efeitos danosos da Lei Kandir, pois o País não se mostra disposto a abrir mão dela.
Com base em dados de 2010, o Pará recebeu R$ 2,9 bi do Fundo de Participação dos Estados. O Pará é sócio desse Fundo constitucional junto com outros 26 estados. Se dividirmos o Pará em três teremos três unidades retirando dinheiro do mesmo Fundo. Ou seja, automaticamente aumenta a quantidade de recursos que receberemos. Estimativas feitas pelo economista Célio Costa, com base nos critérios do Tesouro Nacional, indicam que os três novos estados receberão R$ 5,9 bi. Ou seja, R$ 3 bi a mais para a mesma área, para a mesma população. Fora isso, outros repasses constitucionais obrigatórios e voluntários aumentarão a receita global com o surgimento de três estados.
Um jornal local publicou recentemente uma meia verdade. Que os novos estados retirarão fatias das cotas do FPE de todos os estados. E que o Novo Pará perderia R$ 300 milhões dos R$ 2,9 bi que recebeu. É verdade! Mas esqueceu de dizer que o Governo do Pará vai deixar de gastar R$ 1,5 bi com as duas regiões (Dados do Balanço do Governo do Pará – 2010). Ou seja, numa tacada só vai economizar R$ 1,2 bi, o que significa seis vezes mais a capacidade atual de investimento, para administrar uma área muito menor, para governar metade dos municípios. Isso significará maior poder de investimento, maior governabilidade e melhoria da qualidade de vida das pessoas no Novo Pará.
Estudos divulgados recentemente pelo governo, através do Idesp, revelam também que os municípios do Novo Pará arrecadam hoje 66% do ICMS do Estado e recebem apenas 50%. No dia seguinte à divisão esses 16% retornam. Isso representa, de repasse para os 78 municípios do Novo Pará, algo em torno de R$ 300 milhões. Só Belém receberia R$ 125 milhões a mais, com base em números oficiais de arrecadação e distribuição de 2009.
Dizer NÃO é abrir mãos desses recursos. De R$ 1,5 bi para investimentos fundamentais nas áreas de saúde, educação e segurança que são críticas na capital e na esmagadora maioria dos municípios do Novo Pará.
Que o Novo Pará ganha está claro. E muito. Mas o que ganham os novos estados? Economistas que estão a serviço da oligarquia financeira paulista, que não querem novos estados no Norte, dizem que Carajás e Tapajós são inviáveis. Carajás e Tapajós receberam do Governo do Pará cerca de R$ 1,5 bi em 2010 para gastos com pessoal, manutenção da máquina e investimentos. Ora, se só de cota-parte do FPE os dois novos estados irão receber cerca de R$ 3,3 bi/ano, ou seja, mais que o dobro de tudo o que o Governo do Pará gasta com as duas regiões, como esses novos estados podem ser inviáveis? Sem falar que vão estruturar sua máquina própria de arrecadação, estimular a economia e consequentemente aumentar a arrecadação de impostos.
É cinismo dizer que boa parte desse dinheiro será consumido com políticos e gastos públicos. A Lei de Responsabilidade Fiscal estabelece limites para esses gastos com pessoal. Se os novos estados gastarem 50% de tudo que arrecadam com pessoal, como determina os limites da LRF, ainda assim terão mais dinheiro pra investir por ano do que tudo que hoje o Pará destina para as duas regiões.
Belém é uma cidade violenta. Segundo dados da Polícia Militar tem 1 policial para cada 207 habitantes. A região de Carajás, segundo dados da própria Polícia, tem 1 policial para cada 776 habitantes. Por isso, dos 30 municípios mais violentos do Brasil 7 são no sul do Pará. É justo isso? Quem defende o Pará unido tem que ter uma reposta para isso. Contratar mais de mil policiais para o sul do Pará é uma das ações necessárias. O Governo do Pará pode fazer isso? Não, porque esbarra na Lei de Responsabilidade Fiscal, pois já está gastando com pessoal no limite de suas economias. A saída é tirar policiais de Belém e mandar para o sul do Pará. É certo isso para com o povo da capital? Não.
Então a saída é criar os novos estados. O Novo Pará, muito menor, mas ainda do tamanho do estado de São Paulo, ficará com o serviço público já estruturado, com a maior parte da malha rodoviária já pavimentada, com mais de 80% das universidades, com os portos de Barcarena e Espadarte, a bauxita e o caulim de Ipixuna do Pará e Paragominas, o petróleo recém-descoberto de Salinas, com 80% das indústrias e mais recursos para investir no potencial turístico fantástico da Ilha do Marajó. O resultado será a melhoria da qualidade de vida dos belenenses e dos habitantes do Novo Pará.
O Carajás e o Tapajós terão seus governos para acabar com o crime de pistolagem, com o desmatamento provocado pela falta de estado, com a exportação de doentes para Belém, Manaus, Araguaína, Terezina e Augustinópolis. Mais recursos para investir na construção de escolas, hospitais, pavimentação de estradas e saneamento. Para contratar médicos, professores, defensores públicos, promotores, enfermeiros, juízes, delegados e outros profissionais fundamentais para que o serviço público atenda o cidadão.
O medo da presença de políticos corruptos nesse processo não pode fazer com que percamos essa oportunidade histórica. O combate à corrupção tem que ser travado com estado unido ou dividido. Em qualquer lugar. Nas igrejas, nos sindicatos, nas associações de bairro, na política. Ao contrário, com estado menor as campanhas ficam mais baratas, as pessoas honestas têm mais chance de participar e vencer.
Vamos olhar para as experiências recentes de criação de novos estados. Todos melhoraram. O Índice de Desenvolvimento Humano, que mede qualidade em educação, saúde e renda para o cidadão é um bom parâmetro. Todos os estados recém-criados tem o IDH melhor do que o do Pará. Nosso estado está em 16º. Lugar. O Tocantins em 15º, o Amapá em 12º, Mato Grosso em 11º, Goiás em 9º e Mato Grosso do Sul em 8º.
O Pará está num dos últimos lugares no Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb); no Mapa da Violência lidera o ranking com 8 dos 30 municípios mais violentos do Brasil; tem 3 dos piores trechos rodoviários do país segundo a Confederação Nacional dos Transportes. Agora foi divulgado que estamos entre os três estados mais corruptos da Federação. Ou seja, somos campeões em quase tudo quando se trata de baixa qualidade de vida.
Precisamos perder o medo. Parte de nossa elite tem medo de qualquer mudança. Fomos o último estado a aderir a independência da República. Para essa pequena minoria é bom do jeito que está. Não querem correr risco nem com a chance de ter mais recursos para governar o Estado.
A história mostrou que foi importante aderir à Independência do Brasil e se ver livre das amarras de Portugal. Eu sou do PPS, um partido que fez e faz oposição ao governo do PT. Sempre fui fiel ao meu partido. Mas não se pode negar que quando o povo brasileiro, após 3 eleições, perdeu o medo e elegeu um trabalhador presidente do Brasil muita coisa melhorou, principalmente para as camadas mais sofridas da população.
É esse o medo que precisamos perder. Romper com a mesmice de um estado grande e sem recursos. Apostar em administrações mais próximas e com maior poder de investimento. Sou paraense de nascimento e de coração. Minha esposa e meus filhos também. Meu pai nasceu em Belém e minha mãe em Igarapé-Açu. Por isso voto SIM. Porque é melhor para o Pará. SE É BOM PARA TODOS NÃO PODEMOS VOTAR CONTRA

João Salame Neto
Presidente da Frente pró-criação do Estado de Carajás

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Resposta ao Professor Paulo Weyl no Blog da Prof(a) Edilza

É muito difícil, mas vou tentar.

Weyl é um grande professor, doutor. Eu, um bacharel, advogado.

Antes, devo dizer que sou da RMB, melhor, nasci em município próximo a RMB.

Portanto, deveria pensar como membro da RMB, mas minha formação humana não deixou.

Embarquei na ideia de divisão fundamentado na minha visão humanista.

A primeira, é quanto a aproximação física – física, mesmo – do cidadão ao poder político.

Penso que a população, ainda que não queira participar das decisões e dos rumos do seu estado, ainda sim, devem ter a oportunidade de assim fazer.

E não vale aquela estória: hoje temos a internet, e-mail do deputado, twitter. Isso não é humano! Não, não para o cidadão simples.

Nosso estado é monstruosamente grande: Fui ao sul do Pará de carro (Conceição do Araguaia). São 16 horas à 100km/h. Meu filho e minha esposa dormiram, acordaram, voltaram dormir e quando acordaram, nada, nem sinal da linda Conceição.

Sentem a bunda num carro, dirijam por 16 horas, acho que dá para atravessar a Europa.

Essa primeira impressão, bom, eu não sou cientista político, mas creio ter um “aspecto humano” que professor Weyl fala.

Disse aqui nesse blog que se tudo não ocorrer como os mais otimista esperam, em caso de reorganização político geográfico, e apenas se verificar a hipótese de aproximação física do cidadão daquela região do poder, isso já me deixa feliz.

Aliás essa questão da “felicidade” vai virar até direito fundamental, na proposta de emenda do Professor, também grande humanista, Cristóvão Buarque.

A outra, que a minha paixão humanista detectou, e que a Ana Célia Pinheiro ( Dona do “A Perereca”), que escreve melhor, percebeu, é a vontade popular dos moradores do Tapajós e Carajás, e não apenas dos políticos, de se verem emancipados.

Eu sei que essa vontade não vale para dissolução/emancipação da União. Há proibição expressa na Constituição .

Mas quanto a estados e municípios, a Constituição permite.

É muito parecido com com direito potestativo. Muitos colegas não estudam com dedicação a diferença entre direito potestativo e direito subjetivo. Na segunda hipótese há uma pretensão que a outra parte pode oferecer resistência. Contestar por exemplo uma ação de dano, dizendo que não o causou.

No direito potestativo, não há pretensão resistível. Ao direito da esposa de se vê divorciada, não há resistência possível do marido, há, apenas, submissão. Ninguém é obrigado a viver com quem não ame, ou a viver com quem, embora ame, lhe cause prejuízo.


Sim, voltemos a questão da vontade popular.

Para sufocar essa vontade popular, nós, aqui da RMB preferimos partir para a satanização, nos dizeres da Ana Célia Pinheiro, dos políticos das duas regiões. Atribuímos a eles, unicamente a eles, esse querer.

Olha o que escreveu Amarílis Tupiassu, uma intelectual da RMB, em jornal de grande circulação sobre a reorganização. Diz ela: “Coisa de político-forasteiro mal-agradecido. O cara chega à casa alheia, que o acolhe com hospitalidade, e se revela um aproveitador. Entra, fuça a geladeira, abanca-se no melhor sofá, escancara as portas dos quartos, e a gente sabe: é um folgado. Chora, estremece por seu estado de nascença, enquanto explora e desdiz do Pará, de que só pensa em chupar tudo, até o Estado inteiro, se deixarmos.”

Essa agressão atinge apenas aos políticos da região? Você gostaria de ser chamado de forasteiro e ainda ser obrigado a convivência política com o seu xenófobo?

Conheço muitas pessoas simples das duas regiões, muitas mesmo. Nenhuma delas se confessaram apaixonadas por Lira Maia, ou Maria do Carmo, ou Geovane Queiroz ou Parsifal. Pelo contrário, eles têm o mesmo “confiar desconfiado” que nós, da RMB, temos em relação ao Priante, Dudu, Ana Júlia, Jatene, Jordy, etc..

Entretanto, todos foram unânimes quanto a necessidade de reorganização do estado do Pará.

Tem muitas outras questões humanas, ainda, que se pode argumentar para defender o “sim” da reorganização.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Meu comentário no blog da Professora Edilza

Sou do Pará que remanescerá menor e melhor.

Nasci e moro por estas bandas. Sou plenamente favorável ao redesenho geográfico.

Não tenho dúvidas que os três novos estados ganharão com isso.

Se a população do Tapajós e Carajás tiver ampliada, ao menos, a possibilidade de participar, pressionar, vaiar, espernear, criticar seus representantes, mais de perto fisicamente, olho no olho, já me contento com a mudança.

De Santarém ao Palácio dos Despachos são longos 5 dias de barco. Do aeroporto do Carajás à Assembleia Legislativa vai mais de uma hora de avião. Esse meio de transporte pelo preço, aquele pela demora, afastam a população de baixa renda de qualquer participação nos rumos do estado.

Alguém perderá com a reorganização?
Sim, os grandes estados, que terão repasses da União diminuídos.

Não é atoa que a Folha e outros jornais de grande circulação estão antecipando campanha contra a divisão.

Apontem qualquer liderança política ou empresarial dos estados do sudeste que seja favorável ao rearranjo!

Nem mesmo sob uma arma na cabeça, Sérgio Cabral e Geraldo Alkmim apoiam a reorganização político territorial do Pará.

Haverá, de imediato, ampliação montante de recursos públicos, na hipótese de divisão, por diminuição ( redistribuição no repasse da União para os estados) da cota dos demais estados ( sul, sudeste e nordeste).

Isso é distribuição de renda!

Isso é diminuição de diferenças (intra e inter)regionais!

Não é isso, afinal, que todos queremos???

Ou seja, os valores públicos per capta dos moradores dos três novos estados, unidos, aumentará no dia seguinte, comparativamente ao Pará, como é hoje.

Embora haja risco remoto de diminuição da renda pública per capta do Pará remanescente, não posso ser perverso, egoísta no meu voto. Sou humanista e não vou dizer: "se eu não ganho, ninguém ganha!"
Divulgue meu blog criado com a intenção de convencer meus colegas daqui da região metropolitana de Belém e nordeste do Pará

http://www.maiorparamelhor.blogspot.com/

Um grande abraço, e viva os três novos estados!!!!

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Divisão do Pará: frentes dão largada à mobilização

Faltando 144 dias para que os eleitores paraenses expressem, nas urnas, se desejam a divisão do Estado para a criação de duas novas unidades da federação (Carajás e Tapajós), as frentes que vão comandar as campanhas a favor e contra a medida começam a ganhar forma.

Hoje pela manhã serão lançadas, num evento conjunto, as frentes Pró-Estado de Carajás e Pró-Estado do Tapajós. Os contrários à separação também se movimentam. Hoje à tarde será lançado o movimento que dará origem à frente contra a criação de Carajás, no Hotel Crowne Plaza. Ontem, foi feito o registro, em cartório, da “Frente Suprapartidária em Defesa do Pará Unido”, que será presidida pelo chefe da Casa Civil do governo do Pará, Zenaldo Coutinho, até agora o principal porta-voz do movimento antisseparatista. Por enquanto, Coutinho é o representante do governo do Estado oficialmente no movimento antidivisão. Sete dos 17 deputados federais e 17 dos 41 deputados estaduais vão compor as duas frentes que lutarão pela emancipação de Carajás e do Tapajós. O grupo reúne deputados de várias legendas. Fazem parte do movimento, o petista Airton Faleiro, que foi líder do governo Ana Júlia na Assembleia Legislativa; e José Megale, atual líder da bancada do PSDB - partido do governador, Simão Jatene. Os dois têm base eleitoral no oeste do Estado e, apesar de estarem em lados opostos na política partidária do Pará, se uniram na frente Pró-Tapajós.

O lançamento das duas frentes será feito no salão Carajás do Hotel Hilton, em Belém. A coincidência do nome do salão com o de uma das regiões que deseja se emancipar foi motivo de muitas brincadeiras entre os organizadores do evento, que terá como grande estrela o marqueteiro Duda Mendonça. Proprietário rural na região, ele será o responsável pelas peças da campanha pela criação dos Estados. A logomarca será apresentada no evento desta manhã.

O responsável pela Frente Pró-Carajás, deputado federal Giovanni Queiroz, garante que Duda não cobrará pelo trabalho. “Ele fará toda a criação e nós pagaremos apenas pela produção”, disse. Duda Mendonça é um dos marqueteiros mais conhecidos do País. Chegou ao auge da carreira ao comandar a campanha que levou Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República, em 2002.

O marqueteiro perdeu poder em meio ao escândalo do mensalão. Em depoimento no Congresso, Duda confessou ter recebido dinheiro do caixa 2 de campanha.

A frente contra Carajás está sendo organizada pelo ex-secretário municipal de Saúde de Belém, Sérgio Pimentel. Ele explica que a intenção é criar primeiro um movimento que depois dará origem à frente que vai comandar toda a campanha contra Carajás.

E sobram dúvidas...

A realização do plebiscito ainda está cercada de dúvidas. Sabe-se que haverá quatro frentes oficiais (duas contra a criação dos dois Estados e duas a favor), mas ainda não está claro se apenas parlamentares poderão compô-las.

A essas frentes caberá administrar o tempo da propaganda no rádio e TV e também fazer a arrecadação dos recursos de campanha. Não há detalhes sobre prestação de contas e tempo que cada grupo terá nos veículos de comunicação.

Para tirar essas dúvidas, haverá uma audiência pública no próximo dia 5, no Tribunal Superior Eleitoral. O plebiscito será realizado no dia 11 de dezembro. A campanha nas ruas inicia dia 13 de setembro, e 11 de novembro começa a campanha no rádio e TV.

Embora o Tribunal Superior Eleitoral já tenha anunciado que todos os eleitores do Pará devem votar, a palavra final será do Supremo Tribunal Federal. O texto da constituição fala em área diretamente afetada e há quem defenda que por “diretamente” deve-se entender apenas eleitores das áreas a serem desmembradas.

Cobertura da RBA será plural, diz diretor

A falta de informações sobre as consequências da mudança no mapa que poderá alterar para sempre a história do Pará deve ser um dos principais obstáculos para as frentes que vão comandar as campanhas a

favor e contra a medida.

O desafio é traduzir para a população um amontoado de dados capazes de confundir até mesmo os economistas mais experientes.

Ontem, representantes das frentes pró-Carajás e Tapajós visitaram a sede da Rede Brasil Amazônia de Comunicação (RBA), empresa da qual faz parte o DIÁRIO. Os deputados defenderam a divisão e pediram para que o jornal mantenha a cobertura equilibrada que vem fazendo.

“O que falta é melhor informação. Separar não é o caso. Nós queremos novas unidades da federação que vão se somar ao Pará para termos uma força política muito maior, mais recursos e atender a uma reivindicação grande que é a presença do Estado em várias regiões que hoje estão abandonadas”, disse o deputado Lira Maia, da Frente Pró-Tapajós. Segundo ele, em até 70 dias serão divulgados novos estudos feitos pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada sobre a viabilidade dos novos Estados.

Representantes do movimento comandado por Sérgio Pimentel distribuíram um documento em que apresentam argumentos contra a divisão.

“Dividir o Pará é uma ideia ilusionista, que revela a falta de um grande projeto de desenvolvimento, não oferece garantias de futuro melhor e parece mais preocupada com projetos pessoais ou de grupos isolados. A população do Pará sabe que não será com uma mudança de nome ou de fronteira que vão melhorar o atendimento à saúde, o ensino, as estradas”.

Aos visitantes, o diretor da RBA, Camilo Centeno, disse que os veículos do grupo vão abrir espaço para que todas as frentes divulguem suas informações.

“Vamos mostrar todos os lados e os diferentes pontos de vista para que as pessoas se informem e para que decidam com responsabilidade”.
Diário do Pará

Divisão do Pará: frentes dão largada à mobilização

Meu comentário no blog do Bogéa

Sou do Pará que remanescerá menor e melhor.

Nasci e moro por estas bandas. Sou plenamente favorável ao redesenho geográfico.

Não tenho dúvidas que os três novos estados ganharão com isso.

Eu preciso de alguns dados, caso tenhas.

Gostaria que me fornecesse algum estudo de economista ou financista público que indique qual será o montante de orçamento dos três novos estados, logo em seguida ao redesenho(divisão) , em comparação com o orçamento do Pará, agora.

Quero isso porque tenho quase certeza que haverá, de imediato, ampliação desse montante, na hipótese de divisão, por diminuição ( redistribuição no repasse da União para os estados) da cota dos demais estados ( sul, sudeste e nordeste).Ou seja, os valores públicos per capta dos moradores dos três novos estados aumentará no dia seguinte.

Não é atoa que a Folha e outros jornais de grande circulação estão antecipando campanha contra a divisão.

Divulgue meu blog criado com a intenção de convencer meus colegas daqui da região metropolitana de Belém e nordeste do Pará

Um grande abraço, e viva os três novos estados!!!!

terça-feira, 28 de junho de 2011

Importante manifestação da jornalista Ana Célia Pinheiro

Mostraremos as manisfestações favoráveis a divisão, privilegiando as opiniões de  pessoas que moram e continuarão morando na parte que continuará Pará. Como é o caso da jornalista Ana Célia Pinheiro, dona do blog "perereca da vizinha", certamente dentre os mais acessado do Pará. Leiam:

 

A divisão do Pará, o preconceito, a satanização e a brasilidade de todos nós.


A verdade – a dolorosa verdade – é que nós, de Belém, não conhecemos o Pará.
Achamos grande coisa quando vamos “veranear” em Algodoal, Ajuruteua ou Salinas.
E nem nos damos conta de que as estradas que nos levam a esses lugares – ou a até perto deles – mais parecem uma miragem em relação a uma Transamazônica, por exemplo.
Se as pessoas de Belém conhecessem a dramática realidade do Sul e Sudeste do Pará, da Transamazônica e do Baixo-Amazonas, talvez não dissessem tanta bobagem quando o assunto é a divisão territorial.
Em primeiro lugar, não é verdadeiro o argumento de que apenas os políticos dessas regiões é que lutam pela divisão.
E se as pessoas parassem um pouquinho para pensar naquilo que estão a dizer, perceberiam logo que isso não tem pé nem cabeça.
Afinal, o que levaria esses políticos a defender uma proposta tão grave, se ela não tivesse base popular?
Por acaso vocês conhecem algum candidato ao Governo do Pará, que, em plena eleição, tenha dito com todas as letras que é contra a separação dessas regiões - e tenha conseguido se eleger?
Então, o que é que faz com que os políticos favoráveis à divisão tenham a coragem de expressar isso durante um processo eleitoral, e os políticos contrários não tenham a coragem de fazê-lo?
É por que temem perder simplesmente o voto do Lira Maia, do Giovanni Queiroz ou do Parsifal Pontes?
Ou é porque sabem que, se forem contrários à divisão, perderão maciçamente os votos dessas regiões?
Então, é preciso parar de tentar tapar o sol com a peneira: o desejo de separação existe, sim, e maciçamente, entre os cidadãos dessas regiões.
E por que é assim? Por tudo aquilo que expressei no artigo anterior (aqui: http://pererecadavizinha.blogspot.com/2011/05/o-plebiscito-o-paraensismo-e-vida.html).
Quer dizer: agredir o Giovanni Queiroz, o Lira Maia ou o Parsifal Pontes não vai fazer “desaparecer magicamente” esse anseio popular, que tem raízes muito profundas, inclusive, culturais.
Em segundo lugar, essa história de dizer que essas regiões não podem se separar, ou que não irão progredir a partir da separação, porque serão governadas por esses políticos, revela um preconceito brutal em relação aos habitantes do Sul e Sudeste do Pará, da Transamazônica e do Baixo-Amazonas.
Quem lê o que algumas pessoas escrevem acerca da qualidade dos políticos do interior do Pará fica com a impressão de que nós, de Belém, elegemos a cada pleito, para prefeito da nossa cidade, verdadeiros clones do Winston Churchill!
Na caixinha de comentários da minha postagem anterior, houve até quem “argumentasse” que, dos 41 deputados da nossa Assembléia Legislativa, apenas um, Edmilson Rodrigues, veio da capital – como a dizer que toda a “malignidade” deste estado provém do interior.
E quem pensa assim, vai ter de concordar comigo no seguinte: se verdadeira tal premissa, é necessário afirmar que os vereadores da Câmara de Belém são infinitamente melhores do que os vereadores de todo o Pará e até mesmo que os deputados da nossa Assembléia Legislativa.
Mas a realidade é essa mesma? Os vereadores de Belém são, rrrealmente, melhores que os demais vereadores e até mesmo que os nossos deputados?
Não, maninhos!... Depois que nós, os tão “politizados” eleitores de Belém, elegemos, e até bisamos, o Duciomar Costa, não podemos criticar nem mesmo os cidadãos de Anajás.
Perdemos a moral. E o pessoal de Santarém, Oriximiná, Marabá ou Parauapebas vai de ter de errar muito, e pelos próximos 50 anos, para conseguir nos superar nesse ranking.
Não ajuda em nada a essa discussão ficar satanizando o Giovanni Queiroz, o Lira Maia, o Parsifal Pontes, ou até mesmo a mim, simplesmente porque estamos a defender, democraticamente, o que nos parece melhor para as populações dessas regiões.
Esse tipo de “argumento” revela, em verdade, a falta de argumentos.
É apenas uma falácia, o “crème de la crème” entre as falácias: o argumentum ad hominem, que consiste em atacar quem argumenta, em vez do argumento em si.
E a procura de um “satanás” para esse processo é tão impressionante que já se tenta até atribuir o movimento separatista aos interesses do banqueiro Daniel Dantas.
E a impressão que fica é que nós, de Belém - que nunca dissemos um ai diante da Lei Kandir ou da ação da Vale neste gigante que ainda é o Pará - é que somos os únicos que poderemos obstar os interesses daquele banqueiro.
Isso é preconceito em relação à população do interior – do Baixo-Amazonas, da Transamazônica, do Sul e Sudeste do Pará.
É partir do pressuposto de que nós, da capital, somos superiores a eles em termos de visão e de ação política.
E logo nós, como já dito, que até bisamos o Duciomar.
E logo nós, como bem lembrou um anônimo, que temos esgotos a céu aberto e ruas esburacadas e cheias de mato, igualzinho a qualquer cidade do interior.
Talvez as pessoas não tenham ainda percebido o quanto será nocivo para o Pará, qualquer que seja o resultado desse Plebiscito, se continuarmos a inferiorizar, ou até a satanizar as pessoas dessas regiões, e as lideranças políticas que nelas atuam.
Mesmo que os defensores da integridade territorial vençam esse Plebiscito, teremos um Pará mais dividido do que nunca.
E quem forma opinião tem de estar atento para o perigo que isso representa.
Também não é correto, para mim, o argumento de que não podemos ser favoráveis à divisão porque sobrará ao Pará apenas a parte pobre.
Tal argumentação pressupõe que a nós, paraenses, interessa apenas manter aquelas regiões como espécie de armazém ou de “senzalão”.
E logo nós, paraenses, vítimas, há séculos, de um duplo processo de colonização.
Não acredito que a sofrida e generosa população paraense pense dessa forma.
E tenho para mim que se os defensores da divisão conseguirem mostrar a aflição em que vivem os Severinos de lá, os Severinos daqui apoiarão, sim, a criação desses novos estados.
Mesmo separados, temos de nos respeitar e de buscar aquilo que nos une: a luta pela distribuição da riqueza, pela melhoria das condições de vida do nosso povo, pelo respeito da Nação aos que vivemos na Amazônia.
Antes de mais nada, somos irmãos brasileiros. É o amor a este País que pulsa no coração de cada um de nós.
E é nessa condição que temos de travar esse debate tão importante.
Até porque, ao fim e ao cabo, estamos todos – de Belém, de Santarém, de Marabá, de Altamira, de Anajás – no mesmíssimo barco, dadas as condições de sobrevivência que todos enfrentamos nesta imensidão.
FUUUUUUIIIIIIIII!!!!!!!!  
Postado por Ana Célia Pinheiro às 16:23